Já em processo mais sólido de transição oito dias após a vitória na urnas, Eduardo Bandeira de Mello e o time de executivos que compôs a Chapa Azul no pleito presidencial do Flamengo começam a arregaçar as mangas para tomar ciência e analisar os contratos em vigor ou em negociação. Na pauta de prioridades, aparece a apreciação da proposta da Adidas, que agora está sob os cuidados do novo vice de marketing rubro-negro e presidente da Sky, Luís Eduardo Baptista, o Bap. Ele afirmou que pretende rever pontos do contrato e falou que gostaria de acrescentar cláusulas de reajustes, enquanto o novo vice de futebol, Wallim Vasconcellos, acenou com o desejo de ver um possível acerto entre clube e a nova fornecedora acarretar a contratação de um grande craque patrocinado.
- A gente não sentou com a Adidas ainda. Temos de definir essa questão. Eventualmente, eles podem trazer alguém, quem sabe? Seria um sonho nosso a Adidas patrocinar e trazer também um craque. Não queremos fazer nada semelhante ao Fluminense com a Unimed, mas para certos jogadores temos de pensar. Por exemplo, o Neymar no Santos. Há meia dúzia de empresas que exploram a imagem dele e praticamente pagam o salário. Então temos de ser criativos da mesma maneira - disse Wallim.
Luís Eduardo Baptista, por outro lado, deu a entender que ainda há muitos detalhes a serem negociados com a Adidas, entre eles a possível inclusão de cláusulas de reajuste dos valores durante os dez anos previstos de contrato.
- A versão do contrato que eu vi não trata disso (reajuste). Eu sugeri que houvesse uma cláusula dessa. Mas não adianta eu sugerir e a outra parte não concordar. A gente tem que se encontrar com eles para discutir os pontos principais. Não tem muito mistério. Você tem que sentar com o contrato e discutir detalhes.
Bap garantiu que o encontro com os representantes da Adidas não demorará e ressaltou que pretende conversar também com outros interessados.
- Vamos nos reunir muito rapidamente. Qualquer grande marca que pensa em se associar ao Flamengo merece a nossa gratidão e o nosso respeito. A gente não tem em relação à Adidas uma postura arrogante, exigente ou demandante. A gente acha que tem que ter cláusulas que permitam que o Flamengo consiga ser realmente grande. Tem que ser bom para os dois. Vamos conversar com eles, como vamos conversar com mais gente. Sendo o Flamengo, não faria nem sentido você conversar com só uma parte. É como qualquer um de nós faz negócios. Você não aceita a primeira versão de um contrato que te mandam. Eu sei que as pessoas tentam ler nas entrelinhas, acham que tem bola nas costas, mas não tem. É natural do processo - disse Bap.
O dirigente procurou não entrar no clima de urgência que cerca a assinatura com a Adidas desde que a proposta foi apresentada.
- Dez anos é como um casamento. Ontem à noite foi maravilhoso, então vou casar amanhã? Você vai ficar dez anos junto? É melhor você pensar um pouco. Temos que pensar um pouco nas implicações.
A Adidas ofereceu ao Flamengo um contrato de R$ 350 milhões por dez anos. Os valores da empresa alemã são divididos entre cota de R$ 27 milhões, mais R$ 8 milhões de material esportivo. A Adidas também assumiria a conclusão do museu do clube, que começou a ser construído pela Olympikus, mas está parado por causa da crise na relação entre o clube a a atual fornecedora. Para o término da obra, são necessários cerca de R$ 3 milhões.
Luís Eduardo Baptista esclareceu ainda a questão do rodízio de espaço para os patrocinadores, eliminando a figura de um patrocinador master, modelo levantado pelo executivo da EBX Flávio Godinho em uma das coletivas da Chapa Azul durante a campanha que terminou com vitória nas urnas no dia 3 de dezembro. Para Bap, o modelo de rodízio, em princípio, é melhor para o clube pois pode trazer mais dinheiro, mas ele não descarta um acordo com um patrocinador master para ficar durante todo o ano com a marca estampada no peito da camisa, desde que o valor esteja de acordo com as pretensões do clube.
Ao contrário do que fez a diretoria de Patricia Amorim quando firmou parceria com a Traffic para a contratação de Ronaldinho Gaúcho em 2011 (quando a empresa não conseguiu atingir os valores estipulados e o clube ficou sem patrocinador master), Bap afirmou que não há um teto mínimo para os novos patrocinadores.
- Eu gosto muito da ideia de rodizío. Se alguém chegar e disser que paga para ser privilegiado... Ainda acho que a ideia do rodízio é uma boa ideia para todo mundo e para o Flamengo. Acho que fazendo dessa forma você consegue mais dinheiro do que você tendo um master e dois menores. Mas isso é o que eu acho. De repente eu vou negociar com o cara e ele não quer pagar. Por isso que estamos conversando com mais do que três possíveis patrocinadores.
Conversas com diferentes empresas
Questionado sobre o estágio dessas negociações, foi evasivo e afirmou que existem conversas adiantadas, outras nem tanto.
- Estamos com várias conversas encaminhadas, mas a gente não tem nada fechado. Eu já venho conversando com um número razoável de empresas há mais de 40 dias. Algumas estão aos 39 do segundo tempo, outras estão aos dois do primeiro, outras estão no intervalo do primeiro para o segundo. Mas é assim, como qualquer jogo. Tem jogo que você sai na frente e perde. Tem jogo que você sai atrás e ganha. Só acaba quando termina, então nós estamos conversando. Para conseguir três bons, você não pode conversar só com três. Todos são potenciais ótimos patrocinadores. Mas uma coisa é ser ótimo, outra é ser adequado ao que o clube quer.
Em tom descontraído, Bap sorriu quando indagado sobre os valores que estão sendo pedidos pelo clube nas negociações.
- Eu quero 100 (milhões)! Eu quero R$ 100 milhões, mas eu aceito dar um desconto.
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