A política da diretoria é de pés no chão, mas o futebol do Flamengo, hoje, é de zona do rebaixamento. Com a decisão dos dirigentes de cortar gastos, o técnico Mano Menezes ainda não recebeu todos os reforços que espera. E talvez eles não cheguem. Há pouco mais de um mês no clube, enfrenta dificuldades e busca soluções dentro do grupo e até na base. Nesta quarta-feira, após a derrota por 3 a 0 para o Bahia, em Salvador, o técnico manteve o tom sereno, mas deixou claro que o cenário é complexo.
- Temos de acalmar, sofrer com a derrota, entender ela, fazer a leitura do que aconteceu para, no domingo, contra o Atlético-MG, estar bem melhor. O duro de montar a equipe durante a competição é esse. Esse é o duro. Você pode oscilar, é normal que oscile. Já me referi a isso em outros jogos, onde vencemos (contra o Vasco). Você sabe que no jogo seguinte as coisas podem não funcionar. É um time muito novo, acaba sofrendo, é o preço que se paga. E o preço é muito alto.
Desde que foi apresentado, em 17 de junho, Mano recebeu apenas um jogador contratado durante a janela de transferências internacionais. O lateral-esquerdo André Santos, que jogou a Libertadores pelo Grêmio, chegou, tem treinado, mas ainda sem previsão de estreia. Depois de ficar fora contra Botafogo e Bahia, também não enfrentará Atlético-MG e Portuguesa.
Em algumas de suas entrevistas, Mano Menezes deixou claro que esperava “três ou quatro nomes de peso”. Jogadores que chegariam para qualificar o grupo e agregar experiência. Por enquanto, nada. Com exceção do atacante Marcelo Moreno, os contratados após o Campeonato Carioca foram apostas: chegaram os volantes Val e Diego Silva e os meias Paulinho e Bruninho, todos de equipes modestas do interior de São Paulo. Deles, só Paulinho é titular, mas tem oscilado muito.
O diretor de futebol Paulo Pelaipe diz que não há negócios engatilhados, o vice de futebol Wallim Vasconcellos viajou para os Estados Unidos com a família na reta final do fechamento da janela, no último dia 20, e sequer participou das negociações. O presidente Eduardo Bandeira de Mello, por sua vez, diz que só trará reforços sem custo de transferência. Ao mesmo tempo em que tenta colocar as contas em dia para ter crédito na praça, o Flamengo vê abalada a credibilidade com o torcedor, que quer resultados no campo.
Além da lentidão do clube para contratar, Mano Menezes tenta fazer com que jogadores que já estavam na equipe rendam mais. Não tem sido fácil. O meia-atacante Carlos Eduardo, que chegou para ser o craque do time, ainda não vingou. Marcado pela impaciência da torcida, não consegue deixar a má fase para trás. Até fez boas partidas, mas nada impressionante. Contra Bahia e Botafogo, por exemplo, pouco produziu.
Quem também alterna bons e maus momentos é Gabriel. Com a má fase de Cadu, foi ele o escolhido para usar a camisa 10. O jogador, no entanto, ainda se acostuma com a pressão de um grande clube e precisa evoluir. Contra o Bahia, ficou na reserva.
Sem reforços, saída é olhar para garotos
A escalação de Adryan como titular no jogo contra o Bahia foi mais uma tentativa de Mano. Depois de ver o meia de 18 anos entrar e jogar bem contra Inter e Botafogo, não pensou duas vezes e decidiu surfar a onda das boas atuações do meia. Não funcionou. Adryan foi mal em Salvador. Jogou sem brilho e não correspondeu. Mas o técnico é paciente e o fato de não ter tantas alternativas mantém vivas as chances de Adryan e de outros jovens aparecerem.
- O que se desenhou para começarmos o jogo contra o Bahia com o Adryan teve muito a ver com o que vimos desde a entrada dele em Caxias do Sul (contra o Inter). Você procura ir fazendo a leitura do que está acontecendo e não quer perder a oportunidade que surge quando acredita que pode ser uma evolução. O técnico fica entre duas situações: o time jogou bem, faz a alteração e vai para o jogo seguinte, ou retorna para a formação inicial. O time pode jogar mal também, e aí vão cobrar também. Era quase que obrigatório iniciar com essa formação contra o Bahia, exatamente para sabermos o quanto ela é confiável. Vou continuar fazendo na medida em que eu entenda que seja algo que precisamos fazer.
Desde a chegada ao clube, Mano disse que pretendia lançar os mais jovens pouco a pouco. A necessidade acelerou o processo. Contra o Bahia, Fernandinho, que virou Fernando a pedido do técnico, entrou no intervalo no lugar de Carlos Eduardo. Foi apenas o segundo jogo dele como profissional e deixa exposta a limitação do grupo.
- Entre os jogadores que temos jovens, é o que mais se aproxima da função de Carlos Eduardo. Todas as alterações que fiz nos outros jogos foi com o Val, com um homem mais enfiado, que foi o Hernane contra o Botafogo, ou jogador de beira de campo, para contra-ataque. E às vezes você pecisa mexer sem mudar a característica da equipe. Por isso que quero encontrar um jogador. Sei que Fernando ainda é menino, temos de ter calma, mas tem personalidade e hoje o vemos como capaz de assumir o posto de segundo jogador da função de Carlos Eduardo.
O Flamengo está em situação muito desconfortável na tabela. Com dez pontos, é apenas o 17º. O próximo jogo, contra o Atlético-MG, será neste domingo, em Brasília, às 16h.
Nenhum comentário:
Postar um comentário