Uma campanha impecável. Foi assim que o Flamengo terminou com o título inédito e invicto da Liga das Américas 2014 - a "Libertadores do basquete". No embalo de uma torcida barulhenta, que lotou o Maracanãzinho na noite deste sábado, e com o apoio do ídolo Oscar Schmidt, o Rubro-Negro derrotou o Pinheiros, último vencedor do torneio, por 85 a 78, e levantou a taça de campeão. O time da Gávea superou o retrospecto ruim diante dos paulistas e, assim como no futebol, com Zico e cia. em 1981, Marcelinho, Marquinhos e todo o grupo rubro-negro podem se orgulhar de serem os reis das Américas. O resultado além de ser inédito na história do esporte do clube, ainda garante vaga no Mundial, que será disputado no Brasil, na primeira semana de outubro, contra o campeão da Europa.
Marcelinho levanta o troféu de campeão da Liga das Américas de basquete (Foto: André Durão)
O Aguada, do Uruguai, ficou com a terceira colocação ao bater o Halcones Xalapa, do México, na prévia. É a terceira vez que um time do Brasil conquista a Liga das Américas de basquete. O Brasília foi campeão na temporada 2008/2009. No ano passado, a taça ficou com o Pinheiros. E esse ano, com o Flamengo.
- Era o título que faltava ao Flamengo. Todos estão de parabéns. Foi um jogo nervoso, de dois times que são ofensivos, mas erraram bastante, algo comum em um jogo único e em uma final como essa. Mas conseguimos buscar os pontos nos momentos decisivos do jogo e entramos para a história do Flamengo. É o título mais importante da minha vida, claro, e também de todos os jogadores desse time - disse José Neto, técnico do Flamengo.
Shamell, do Pinheiros, terminou como o cestinha da decisão, com 25 pontos anotados. Logo atrás apareceu Marcelinho, do Flamengo, com 24.
O JOGO
Meyinsse crava para o Fla (Foto: André Durão)
Um jogo estudado. Não poderia ser diferente. Aplicados na defesa, Flamengo e Pinheiros não se arriscavam muito. Enquanto os rubro-negros trabalhavam a bola à procura de uma brecha no garrafão adversário, os visitantes usavam e abusavam dos tiros de três, principalmente com Joe Smith e Jonathan Tavernari. Se o aproveitamento nos chutes não era bom, nos rebotes ofensivos a história era outra. Foram quatro na primeira metade do quarto, enlouquecendo a torcida na arquibancada. Em contrapartida, o Flamengo também dominava a área pintada dos paulistas. Olivinha e Meyinsse iam pontuando e dando vantagem ao Rubro-Negro. O americano era forte sob a tabela contra os valentes Morro e Mineiro.
Até então zerado na partida, Marcelinho acertou uma bola de fora, restando 2min28s para o fim do primeiro quarto, e deixou a vantagem em sete pontos. Muito irritado, o técnico Cláudio Mortari pediu tempo. Mas a conversa pareceu não ter surtido efeito. Na última posse de bola do período, Shamell, que fazia partida discreta por estar bem marcado, bobeou. O descuido foi aproveitado por Marcelinho, que partiu para o contra-ataque, assistindo Marquinhos, que fechou a parcial em 25 a 15.
Para mudar o panorama no seu garrafão, Mortari colocou Babby. A mudança deu certo, e o pivô se destacou com oito pontos e um rebote ofensivo. O Flamengo também veio modificado com Washam no lugar de Marquinhos. O americano, ao lado de Meyinsse e Olivinha, manteve a produtividade no garrafão ofensivo na primeira metade do quarto.
Com o intuito de descansar Laprovittola e Meyinsse, José Neto mexeu na equipe, que sentiu. Babby passou a reinar absoluto debaixo da tabela. Shamell e Joe Smith, com duas bolas de três, fizeram com que a diferença, que chegou a ser de 11 pontos, se diluísse para apenas um. Humberto, que também veio do banco, com uma bola de fora, colocou os visitantes na frente por dois (35 a 33).
Porém, a resposta rubro-negra veio de maneira imediata. Com cinco pontos seguidos, Marcelinho chegou a 12 e devolveu o líder do NBB ao comando das ações. No fim, o placar de 46 a 40 para o Flamengo retratou o que foi o primeiro tempo da partida, que teve Shamell como cestinha, com 13 pontos, e o capitão rubro-negro logo atrás, com 12.
O cenário da volta do intervalo foi o mesmo dos quartos anteriores. Babby continuava sendo um tormento no garrafão flamenguista, onde anotou cinco pontos seguidos, empatando a partida em 50 a 50. Marquinhos continuava no banco desde a metade do segundo período, e o Pinheiros aparentava estar mais ajustado em quadra.
Só que uma falta de Babby em Marcelinho pendurou o jogador, que foi poupado, sentando no banco de reservas. A ausência de força no garrafão forçou o último campeão da Liga das Américas a jogar com Shamell. Mesmo bem marcado, o americano criou problemas para o Flamengo. Quando não era o ala a definir as jogadas, o garoto Humberto assumia essa função. Sem se intimidar, o ala foi matando as bolas. O jogo ficou lá e cá. No fim do terceiro quarto, vantagem dos cariocas por um ponto: 61 a 60.
No período final, o espírito de decisão ficou latente nas equipes. Nervosas, não conseguiam colocar a bola para dentro da cesta, o que se refletiu no baixo placar nos primeiros minutos (5 a 4 para o Pinheiros). Aproximando do fim do duelo, a torcida estava tensa e calada. Precisou uma sequência dos cariocas para que o Maracanãzinho se transformasse em um verdadeiro caldeirão. E ela veio através de uma bola de três de Marcelinho, uma cravada de Marquinhos e uma cesta de Meyinsse, que colocaram a diferença em seis pontos (76 a 70), restando 2min16s.
Acuado, Mortari pediu tempo. O Pinheiros acelerava seu jogo, o Flamengo cadenciava. A torcida, de pé, "entrou" em quadra e não saiu mais. A cada ataque, incentivos; a cada defesa, vaias ao rival. O jogo ficou truncado, com disputas intensas no garrafão e faltas. Os times aproveitavam seus lances, o que beneficiava os donos da casa.
Faltando 38 segundos, o Flamengo vencia por cinco pontos. A posse de bola era do Pinheiros. Rapidamente, Shamell anotou mais dois. No ataque seguinte, Laprovittola, que fez partida muito apagada, escorregou e perdeu a bola. Só que o craque da equipe paulista também vacilou na tentativa para empatar a decisão. Com um erro de passe, o ala mandou a bola nas mãos de Tony Washam. Marcelinho sofreu a falta, acertando dois lances livres (85 a 78). Shamell teve mais uma chance, mas desperdiçou.
Explosão no Maracanãzinho. O Flamengo chegou ao seu primeiro título da "Libertadores do basquete". O time da Gávea iguala o feito do futebol, que, em 1981, com Zico e cia., conquistava as Américas.
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