Flamengo mantém escrita, abre boa vantagem e obriga Atlético-MG a buscar nova virada

Não eram mais 200 mil torcedores, os craques também já não são mais os mesmos do passado, mas a emoção, a festa nas arquibancadas e o brilho de alguns jogadores em campo foram suficientes para construir mais um duelo histórico entre os dois clubes. Os tempos mudaram, mas tradição, não. Com gols de Cáceres e Chicão, de pênalti após grande jogada de Gabriel, o Flamengo venceu o Atlético-MG, por 2 a 0, nesta quarta-feira à noite, no Maracanã, com 40.909 pagantes (45.642 presentes), no jogo de ida da semifinal da Copa do Brasil, mantendo a escrita de triunfos em duelos decisivos contra o adversário.

Com o resultado, o Rubro-Negro abriu boa vantagem e pode perder por um gol de diferença, ou até dois desde que marque pelo menos um, no jogo de volta na próxima quarta, no Mineirão. Na outra semifinal, o Cruzeiro bateu o Santos, por 1 a 0, em Belo Horizonte.

Assim como na final do Brasileiro de 1980, na Libertadores de 1981, na semifinal do Brasileiro de 1987 e nas quartas da Copa do Brasil de 2006, o Flamengo levou a melhor sobre o adversário mineiro. Desta vez, no entanto, o Atlético-MG ainda tem a possibilidade de dar o troco e rir por último na próxima semana, em confronto decisivo que vale vaga na grande final.

A derrota nesta quarta obriga o Atlético-MG a buscar nova virada histórica na Copa do Brasil, e os mineiros têm como inspiração as quartas de final contra o Corinthians, quando também perderam por 2 a 0 fora de casa e conseguiram a classificação ao ganhar por 4 a 1 em Minas.

Por enquanto, quem saiu do estádio dando risada e fazendo festa no Rio de Janeiro foram os flamenguistas: "Dança, dança, dança da bundinha, no Maracanã, o Galo virou galinha", cantavam os torcedores, que viram o time dominar as ações ofensivas no jogo desta quarta-feira e demonstrarem eficiência com dois gols marcados no segundo tempo.

Antes da partida de volta no Mineirão, as duas equipes voltam a campo pelo Brasileirão no domingo. O Flamengo vai receber a Chapecoense, enquanto o Atlético-MG visitará o Atlético-PR.

O jogo

Depois de poupar os titulares no clássico contra o Botafogo no último sábado, pelo Brasileirão, o técnico Vanderlei Luxemburgo contou com um time mais descansado e manteve a base dos jogos anteriores, com Everton, Gabriel e Eduardo da Silva jogando mais avançados. Do outro lado, Levir Culpi fez uma mudança inesperada na escalação, colocando o volante Pierre e deixando o atacante Luan no banco.

Empurrado por mais de 40 mil barulhentos torcedores nas arquibancadas, o Flamengo criou as melhores chances no primeiro tempo. Foram quatro lances perigosos, contra apenas um do Atlético-MG. A pressão começou logo aos 2 minutos, quando Everton tocou para Eduardo da Silva na área, que chutou cruzado exigindo bela defesa de Victor.

O goleiro do Atlético-MG ainda teve que trabalhar bem mais duas vezes antes do intervalo, salvando o time em um chute de Everton cara a cara e mais tarde em um desvio de Jemerson contra a própria meta depois de cruzamento de Canteros. A outra boa chance rubro-negra foi com Márcio Araújo.

Apesar de ter conseguido equilibrar a posse de bola com o adversário, o time mineiro tinha dificuldades para chegar ao ataque, talvez sentindo a falta da mobilidade de Luan. Os erros de passes das duas equipes, mas principalmente do Atlético-MG, no meio-campo também prejudicavam a criação de mais jogadas ofensivas. Mesmo assim, os visitantes quase balançaram a rede aos 38 minutos com Marcos Rocha, que cabeceou rente à trave após cruzamento de Diego Tardelli.

A segunda etapa começou com o panorama bem parecido com a primeira, e Eduardo da Silva assustou em uma cabeçada logo no início. O atacante croata-brasileiro, porém, foi substituído por Nixon pouco depois. Vendo que a situação da partida continuava ruim para o Atlético-MG, o técnico Levir Culpi chamou Luan e Marion para entrarem nos lugares de Pierre e Carlos, respectivamente.

Porém, antes da troca acontecer, o Flamengo conseguiu abrir o placar. Depois de João Paulo acertar o travessão em uma cobrança de falta da lateral, Gabriel pegou a bola do outro lado do campo, cruzou na área, e o paraguaio Cáceres subiu de cabeça para fazer 1 a 0.

Após o gol, Luxemburgo tirou Canteros e colocou Amaral, e minutos depois precisou trocar Everton, que sentiu um problema muscular na coxa, por Luiz Antônio.

Mesmo após as alterações dos dois treinadores, a superioridade ofensiva do time carioca permaneceu inalterada. Então, Gabriel comprovou a sua boa fase e fez excelente jogada pela ponta esquerda, driblou Marcos Rocha, Edcarlos e foi derrubado na área por Josué: pênalti. Aos 33 minutos, o zagueiro Chicão cobrou e fez a massa rubro-negra ir ao delírio: 2 a 0.

A boa vantagem do Flamengo para a partida de volta fez os donos da casa administrarem o placar até o apito final. O Atlético-MG bem que tentou descontar e quase conseguiu. Aos 36 minutos, Paulo Victor fez milagre duas vezes, em chutes seguidos de Marion e Dátolo. No fim, comemoração rubro-negra e apreensão alvinegra. Mas, uma certeza: o Galo não está morto.

FICHA TÉCNICA:
FLAMENGO 2 X 0 ATLÉTICO-MG

Local: Maracanã, no Rio de Janeiro (RJ)
Data: 29 de outubro de 2014 (quarta-feira)
Horário: 22 horas (de Brasília)
Árbitro: Luiz Flavio de Oliveira (SP)
Assistentes: Alessandro Rocha de Matos (Fifa-BA) e Emerson Augusto de Carvalho (Fifa-SP)
Público: 40.909 pagantes (45.642 presentes)
Renda: R$ 2.858.215,00
Cartões Amarelos: Canteros, Chicão, Cáceres, Amaral (Flamengo); Pierre, Marcos Rocha (Atlético-MG)
Gols: Flamengo: Cáceres (aos 15 minutos do segundo tempo), Chicão (aos 33 minutos do segundo tempo, de pênalti)

FLAMENGO: Paulo Victor; Leo Moura, Chicão, Samir e João Paulo; Victor Cáceres, Márcio Araújo, Héctor Canteros (Amaral) e Everton (Luiz Antônio); Gabriel e Eduardo da Silva (Nixon). Técnico: Vanderlei Luxemburgo

ATLÉTICO-MG: Victor; Marcos Rocha, Edcarlos, Jemerson e Douglas Santos (Alex Silva); Josué, Pierre (Luan), Dátolo e Maicosuel; Diego Tardelli e Carlos (Marion). Técnico: Levir Culpi