quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Patricia critica oposição, nega ser pé-fria e cogita não tentar reeleição


No jogo de xadrez que é a política do Flamengo, Patricia Amorim estuda qual será a próxima jogada. Há dois anos e meio na presidência do clube, ela não sabe se tentará a reeleição no pleito que será realizado em dezembro. Segundo ela, a decisão será por questão pessoal, e não por pressão da oposição. Para definir a estratégia, a dirigente fará uma avaliação diária até 30 de setembro – data de encerramento de inscrição das chapas.
- O tabuleiro está ali para ser jogado. Dificilmente eu não estarei no processo eleitoral, seja de que forma for. Tenho uma vida dedicada ao Flamengo, e será assim para sempre, mas pode ser de diversas formas – afirmou Patricia Amorim, que além de questões pessoais também tem outras ambições políticas além dos muros da Gávea.
Enquanto o futuro está em aberto, a presidente do Flamengo é alvo de pesadas críticas por ter deixado o clube em momento complicado para acompanhar as Olimpíadas de Londres. Patricia se defende, e diz que a viagem de 10 dias trará benefícios para o clube.
- Foi uma experiência muito interessante. Tinha vivência como ex-atleta olímpica, mas acho importante um dirigente acompanhar. Não adianta o atleta se esforçar, treinar, se dedicar e, muitas vezes, o clube onde ele treina não ter esse conhecimento – justificou a dirigente.
Em Londres, ela tirou fotos com torcedores, mas também ouviu cobranças que garante terem sido de forma branda. Já de volta ao Brasil, tomou conhecimento do rótulo de pé-fria que tinha recebido por conta do baixo rendimento brasileiro no quadro de medalhas enquanto ela estevein loco na competição.
- Cheguei e o Flamengo ganhou dois jogos. Então... Talvez estivesse fazendo falta aqui. Vejo com naturalidade – garantiu a dirigente.
Já de volta ao Rio de Janeiro, Patricia assistia ao jogo de vôlei de praia de Emanuel e Alison pela televisão. Eis que na hora da premiação surge na arquibancada o cartaz: “Fora Patricia Amorim”.
- Quem tem exposição pública está sujeito a isso – disse a presidente.
Patricia Amorim admite que o momento conturbado do futebol no primeiro semestre serviu para deixar o clube em ebulição, diz que o pedido de impeachment é um factoide criado por Márcio Braga e ataca a oposição:
- Vou trabalhar para que essas pessoas que deixaram o Flamengo destruído patrimonialmente, sem credibilidade, descansem em paz.
Viagem a Londres para acompanhar as Olimpíadas
"Foi uma experiência muito interessante. Tinha vivência como ex-atleta olímpica, mas acho que era importante um dirigente do clube acompanhar. Não adianta o atleta se esforçar, treinar, se dedicar e, muitas vezes, o clube onde ele treina não ter esse conhecimento. Nós tínhamos 20 atletas, seis treinadores (Renato Araújo, Rosicleia, Roberta Perelier, Ricardo Pereira, José Neto e Marco Veiga). Como treinadora, a Rosicleia teve medalha de ouro inédita para o judô. É um investimento que o clube faz, pois é quem paga o salário desses profissionais. Conseguimos ter evolução de alguns atletas, como Sasaki (Sérgio, que ficou em 10º na final da ginástica artística), Léo de Deus (natação). Eles estarão em 2016. O Tales Cerdeira ficou em nono (natação). O Cielo conquistou a medalha de bronze, trouxe para o Flamengo. Ele poderia não ter conseguido medalha, como poderia ter uma medalha de outra cor, pois a prova é muito curta. Foi muito bom ter vivido isso".
Patrícia Amorim em visita ao centro de treinamento dos eua em londres (Foto: Divulgação / Arquivo Pessoal)Patricia Amorim em visita ao centro de treinamento dos EUA em Londres (Foto: Divulgação/Arquivo Pessoal)
O que a viagem traz de positivo para o Flamengo
"Andei de metrô, percebi o que Londres ofereceu em estrutura para o público, moradores. Visitei as três instalações do Comitê Olímpico Americano, que estabeleceu uma parceria com o Flamengo. Foi muito interessante o centro de treinamento que eles construíram em Londres. Também visitei o Crystal Palace, que era onde os brasileiros treinavam. Fui tentar entender de que forma isso pode contribuir para o Flamengo e para os brasileiros. O Brasil optou por ficar afastado do centro de Londres, todos no mesmo local, antes de ir para a Vila Olímpica. Os EUA optaram por ficar perto das competições e se dividiram em três locais. Interessante perceber essa diferença. O Flamengo já recebeu recursos (90 mil dólares do comitê americano) e reformou o piso do ginásio Togo Renan Soares, que será inaugurado no mês que vem. O Flamengo saiu de um ciclo onde tinha três atletas participando nas Olimpíadas de 2008 e deu um salto para 20 atletas quatro anos depois. Acho que, em relação aos demais clubes, estamos na frente na preparação para 2016. Estive com Andres (Sanchez) quando a seleção olímpica de futebol treinou na Gávea e ele disse que não ganharíamos mais na natação do Corinthians, pois eles tinham o Thiago Pereira. Achei fantástico, pois, na verdade, clubes de camisa conseguiram ter medalhas. Para o Flamengo, 2016 já chegou em formas de equipamento. Estamos preparados para receber as Olimpíadas e a Copa. Fui procurada pela seleção inglesa, eles querem usar instalações do Flamengo em 2014, assim como os holandeses querem treinar na Gávea. Flamengo está na frente nesse projeto".
Faixas de 'Fora Patricia', críticas por ter ido a Londres e rótulo de pé-fria
Pódio, Vôlei  Masculo, Emanuel e Alison, Faixa Fora Patricia Amorim (Foto: Agência Reuters)Pódio do vôlei de praia para homens: ao fundo, faixa de 'Fora Patricia Amorim' (Foto: Agência Reuters)
"Cheguei no Rio e o Flamengo ganhou dois jogos. Então... Talvez estivesse fazendo falta aqui. Vejo isso tudo com naturalidade. Quem tem exposição pública está sujeito a isso. Não posso reclamar, preciso dar resposta com trabalho e mostrando resultado, isso que busco fazer. A leitura que as pessoas fazem serve como motivação. Faço sempre uma autocrítica, sou humilde nesse aspecto. Independentemente de ser um clube de futebol, temos um caminho a ser trilhado até 2016. Não é politicagem. O Rio vai receber os Jogos Olímpicos, e o Flamengo se prepara tecnicamente, estruturalmente, e está à frente dos demais. Agora, a versão de que fulano não ganhou medalha, ou achou que poderia ser melhor... Também achava que poderia ser melhor. Gostaríamos de ter a medalha de ouro no futebol, onde não tínhamos atletas do Flamengo. Vamos preparar os jovens jogadores. Nossa intenção é que na próxima delegação tenhamos jogadores como Adryan, Luiz Antonio, Negueba, Mattheus... Por que não?"
Pedido de impeachment feito pela oposição
O tabuleiro está ali para ser jogado, estou jogando. Estou dentro do processo eleitoral, o que pode acontecer de diferente é eu avaliar como. Dificilmente não estarei no processo eleitoral, seja de que forma for. Tenho uma vida dedicada ao Flamengo, e será assim para sempre, mas pode ser de diversas formas"
Patricia Amorim
"É um factoide, estratégia de uma oposição desesperada que sabe que internamente o trabalho está consolidado pela evolução patrimonial e esportiva que o clube teve. Não tenho qualquer tipo de receio, tudo será esclarecido no seu tempo. Tentam desgastar de fora para dentro, mas eles têm que me enfrentar nas reuniões do conselho, onde temos vencido e avançado. Sei da minha importância no papel de transição do velho para o novo. Reconheço fragilidades em alguns departamentos. Procuramos resolver junto aos conselhos, aos sócios. Ninguém tem a pretensão de achar que tem todas as soluções para o Flamengo. Mas tenho a pretensão de fazer com que o clube avance. Não é projeto de poder pessoal, é um projeto de Flamengo. Sendo ou não presidente, estou engajada nisso. Vou trabalhar para que essas pessoas que deixaram o Flamengo destruído patrimonialmente, sem credibilidade, descansem em paz".
Busca pela reeleição. Ou não
"O tabuleiro está ali para ser jogado, estou jogando. Estou dentro do processo eleitoral, o que pode acontecer de diferente é eu avaliar como. Dificilmente não estarei no processo eleitoral, seja de que forma for. Tenho uma vida dedicada ao Flamengo, e será assim para sempre, mas pode ser de diversas formas".
Questionamento sobre a dívida com Romário
"Estou muito segura em relação ao acordo que foi trabalhado em várias mãos. Alongamos o prazo de pagamento. Faltava algo em torno de R$ 10 milhões. Caso o Clube dos 13 continuasse com os direitos de transmissão essa valor seria pago em quatro anos. Alongamos a dívida, que passou a ser de R$ 15 milhões, mas para ser paga em dez anos. Já pagamos R$ 3 milhões relativo a um ano e meio que Romário deixou de receber do clube dos 13. Hoje a parcela é quase 40% a menos do que antes. Mas não vão querer creditar a dívida do Romário a mim, não fui eu quem fiz. Romário jogou em 95, e quando entrou a primeira vez na justiça foi em 99. Ou vão dizer que a dívida do Romário e do Pet são minhas? Eu tenho que pagar, sem reclamar. Aí fazem acusações. Foram eles que deixaram as dívidas, porque não pagaram?"
Pancadas e período turbulento do futebol
"Se pudesse dizer como é difícil ser presidente do Flamengo, talvez tivessem mais respeito. Só o fato de ser presidente de um clube dessa grandeza é uma conquista muito grande. Estou todos os dias no clube, convivo com funcionário, sócio. As pesquisas apontam uma aprovação. O torcedor é influenciado por pessoas que ficam com as versões, eu fico com fatos. Flamengo está com salários em dia, é um clube mais organizado, melhor estruturado. O futebol é o carro-chefe. Quando as coisas no futebol acontecem, trazem mais calma. Como o primeiro semestre foi muito turbulento e o futebol não aconteceu, as coisas ficaram mais agitadas. O que procuramos fazer? Não funcionou, tem que trocar. E nós trocamos".

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